sábado, 23 de novembro de 2013

Identidade e Originalidade

 
"Conhece-te a ti mesmo", eis o desafio lançado à humanidade pelo filósofo Sócrates. Eis aí uma tarefa complexa. Conhecer a si mesmo...
 
Ora, os desavisados podem acreditar que já se conhecem o suficiente. Por isso, debruçam-se sobre a vida dos outros... Outros ainda, talvez mais desavisados, acham que os primeiros estão "invadindo terreno alheio". Cada um que cuide de seu terreiro, ou melhor, de sua vida!
 
A minha vida é construída interligada com outras trajetórias. Não construo sozinha minha história, tampouco minha própria identidade. Embora, explico adiante, não sou unicamente fruto do meio, como defendem alguns importantes teóricos da Psicologia. Existe sim um sujeito ativo, que faz escolhas, que constrói, que escolhe.
 
Mas é o outro que me nomeia, e este nome me localiza numa rede de relações que implicam consequências internas (subjetivas) e externas (objetivas). "Você é organizada". "Você é inteligente". "Você é exigente". "Você é irônica".
 
Este contínuo processo de nomeação altera a ordem das coisas porque instala no sujeito a condição de ser (e, menos consciente na maioria das pessoas, a condição de estabilidade, permanência). Quando sou inteligente "aos olhos" (melhor diria, às línguas) dos outros, e fracasso numa tarefa como uma avaliação ou um processo seletivo, posso me encontrar numa situação no mínimo delicada: desconstruir uma imagem fossilizada que me destacava num status social ou negar o fracasso e procurar em causas unicamente externas, estranhas ou mesmo naturalizadas que justifiquem uma situação concreta na qual eu agi como sujeito, almejando que a condição atribuída (ser inteligente) possa ser abalada. Nesta segunda ação, deixo de ser sujeito do fracasso para ser objeto...
 
Continua.
 
Andrea Siomara de S. Breches
 

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